Num sinal de crescente tensão no Oriente Médio, autoridades religiosas e políticas da Arábia Saudita manifestaram apoio público ao Irã frente aos recentes ataques lançados por Israel. De acordo com a rede de notícias HispanTV, o orador da Mesquita Al-Haram, Sheikh Yasser al-Dosari, usou suas redes sociais para conclamar os países muçulmanos a apoiarem Teerã contra a agressão sionista, enquanto o príncipe herdeiro saudita, Muhammad bin Salman, denunciou a tentativa de Israel de escalar o conflito e envolver os Estados Unidos em uma guerra regional.
“Não há mais tempo para diálogos ou declarações”, escreveu Sheikh al-Dosari em sua conta no Facebook. “O apoio direto de todos os países [ao Irã] é essencial, assim como todo o Ocidente apoia o regime sionista.” O religioso, que fala em nome da Mesquita Al-Haram, uma das mais sagradas do Islã, comparou a passividade dos países muçulmanos com o apoio incondicional prestado pelo Ocidente a Israel.
Segundo al-Dosari, as manifestações de solidariedade ao Irã devem ser convertidas em ações concretas e imediatas, “seja secreta ou publicamente”. Em tom profético, o clérigo ainda afirmou que a entidade sionista, como se refere a Israel, “será eliminada em breve” por representar uma ameaça direta à religião islâmica.
A fala do religioso foi reforçada por uma conversa telefônica entre o príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman e o presidente iraniano Massoud Pezeshkian, ocorrida na noite de sábado. Durante o diálogo, o líder de fato do reino saudita disse confiar na prudência do Irã diante da escalada militar promovida por Israel.
“O regime israelense está tentando aprofundar o conflito com o Irã em uma tentativa de atrair os Estados Unidos para a guerra”, alertou bin Salman. Ainda segundo ele, “hoje, todo o mundo islâmico o apoia unanimemente”, em referência ao respaldo a Teerã.
O episódio marca um novo capítulo na deterioração da segurança na região. Na manhã de sexta-feira, o regime israelense lançou uma série de ataques contra o Irã, resultando na morte de civis, oficiais militares e cientistas iranianos. O governo de Teerã respondeu com a ativação da Operação Verdadeira Promessa III, lançando mísseis contra alvos militares israelenses localizados nos territórios palestinos ocupados.
Em resposta diplomática, o Irã também exigiu da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC) uma “resposta urgente e eficaz” ao que classifica como agressão injustificável por parte de Tel Aviv.
O posicionamento da Arábia Saudita — tradicionalmente aliada dos Estados Unidos — sinaliza uma possível inflexão na geopolítica da região, especialmente se Riad intensificar o apoio ao Irã em fóruns multilaterais do mundo islâmico. A união entre os dois países, anteriormente marcados por rivalidade sectária e disputas estratégicas, pode alterar profundamente os equilíbrios de poder no Oriente Médio.
A retórica cada vez mais crítica ao sionismo e aos movimentos militares de Israel indica o aprofundamento do isolamento regional de Tel Aviv, ao mesmo tempo em que reforça o apelo por uma solidariedade pan-islâmica contra a ofensiva militar israelense.
A escalada de tensões preocupa a comunidade internacional, que teme o desencadeamento de um conflito de grandes proporções com consequências imprevisíveis para a estabilidade global.