A decisão do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) de não assumir o seu terceiro mandato consecutivo no Congresso e deixar o Brasil, por medo de ser morto, repercutiu no cenário político nacional.
Além da família Bolsonaro, partidos e outras lideranças políticas se manifestaram sobre o caso. A ex-ministra Marina Silva lamentou e pediu proteção aos ameaçados. O ex-presidenciável Ciro Gomes apelou para que o parlamentar faça uma reflexão e continue na Câmara.
Deputados da base de Bolsonaro comemoram a decisão de Jean Wyllys.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, divulgou uma nota na qual disse lamentar a decisão de Wyllys.
“Lamento a decisão tomada pelo deputado Jean Wyllys. Como presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições divergentes no campo das ideias, reconheço a importância do seu mandato. Nenhum parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e sentir-se impune”, afirmou Maia.
O Partido dos Trabalhadores também lamentou a decisão do deputado do PSOL.
“Lamentamos e compreendemos a sua decisão. Vivemos num país governado por pessoas que possuem notórios vínculos com milícias, que são uma forma de crime organizado que – tal qual grupos mafiosos em outros países – tratam adversários com a eliminação física, como atesta a vereadora Marielle Franco, companheira de partido e de lutas de Jean Wyllys, assassinada em março de 2018”, diz a nota do PT.
O deputado federal eleito Marcelo Freixo, do mesmo partido de Jean, agradeceu ao companheiro de sigla pelo trabalho realizado como no Parlamento. “Jean Wyllys é um dos melhores parlamentares que este país já teve. Eu tenho profundo carinho, admiração e respeito por ele, sua história e suas lutas. A decisão de deixar o Brasil é sintoma dos tempos sombrios que vivemos, em que o ódio e a violência ganham o centro da política. Sei que Jean continuará a sua militância. E nós daremos continuidade às suas lutas no parlamento. Obrigado por tudo, meu amigo. Seguiremos juntos na busca por dias melhores”, escreveu Freixo nas redes sociais.
A ex-presidenciável Manuela D’Ávila (PCdoB) também se manifestou. “Fico feliz que agora você tenha optado por cuidar de si diante da enxurrada de ameaças que sofre. Você, corajoso como sempre, ao decidir abrir mão do mandato e sair do Brasil desnuda por todos nós, meu amigo querido, o terror em que vivemos, o ambiente fascistóide que tomou conta da sociedade brasileira”, escreveu ela no Facebook.
A deputada Cristiane Brasil (PTB) comemorou no Twitter. “Será que é Deus ouvindo nossas preces ou mais um chilique pra atrair mídia dessa estrela de esquerda decadente? Vai pra Cuba? Angola? China e Rússia vão querer ele?”, escreveu.
O também deputado Marco Feliciano (Podemos) chamou Jean de “covarde”. Já o deputado Helder Salomão (PT-ES) criticou o ministro Sergio Moro sobre o caso. “Ministro Moro, se as instituições estivessem funcionando, um deputado com tamanha relevância não deixaria o país por ameaças contra sua vida”.
A posse dos deputados eleitos está marcada para 1º de fevereiro. Jean Wyllys recebeu 24.295 votos na última eleição, em outubro.