Com previsão de lançamento para o segundo semestre deste ano, o média-metragem promete mergulhar nas profundezas deste cenário que é cheio de riffs pesados, letras profundas e histórias marcantes. Tudo pensado para ser um registro artístico que quebre paradigmas, comprovando que há espaço para o rock n’ roll por aqui. Trabalho que promete mexer com saudosismo aos amantes do rock ao mesmo tempo em que apresenta o estilo para a geração mais jovem.
“Campo Grande é uma cidade que tem pouca de sua memória documentada, não sei se é o reflexo de um estado jovem. E, na música, senti que faltava um documentário que falasse sobre o Metal”, explica o jornalista que teve nos seus questionamentos pessoais o desejo de buscar as respostas. “Cadê a história das bandas? Principalmente, as bandas antigas. Quem foi o primeiro a fazer? Como surgiu? A partir daí, conversei com alguns amigos do meio musical, como o Katástrofe [banda], com o Kão, artista que é do Punk, mas sempre esteve no rolê do Metal. E, aí foi nascendo o projeto até eu conseguir, agora, passar no edital e iniciar a produção”.
Com entrevistas e pesquisa documental e de imagens, o objetivo é fazer um recorte do período de 20 anos – décadas de 1980 até 1990 – para mostrar as diversas nuances de estilo e influências de bandas nacionais e internacionais, para chegar aos nomes dos artistas do Estado que fizeram do Heavy Metal uma realidade na vida noturna daqui.
O documentário é dirigido pelo jornalista Lucas Arruda. (Foto: Carlota Phillips)
Alta Tensão, Black Church, Devastation, Necroterium, Sacrament, Krematory, Desejo Impuro, Katastrofe, Zero Tribe, Kreatures Dark, Haze são algumas das bandas que estão cotadas no roteiro de “Barulho do Mato”. “Ter relatos se torna urgente, pois já perdemos alguns músicos e produtores do período, tal como materiais em vídeo que retratavam a época”, pontua o diretor, Lucas Arruda.
As filmagens, inclusive, já começaram e teve como primeiro entrevistado Marco Aurélio dos Santos – mais conhecido no meio musical como Kão. Artista que teve vivência intensa no cenário underground sul-mato-grossense e tem sido um colaborador fundamental no projeto para mapear as bandas que deram voz ao estilo.
“O documentário é fundamental para registrar histórias sobre a cena do Metal. As novas gerações poderão saber e entender como surgiu e quais foram as dificuldades que as bandas tinham para tocar e ensaiar, sem contar que é um registro de pesquisa e valorização artística”, afirma Kão que ativista da música pode testemunhar bandas que extrapolaram a cena local. “Alta Tensão foi uma banda de renome tanto, aqui, no MS como no Brasil”. Também foram entrevistados os músicos Mark, da banda No Name, Enrique Gonçalves, da banda DxDxOx e a produtora cultural Ângela Finger.
Para quem está por trás das câmeras e é fã de Metal, como a diretora de fotografia do documentário, Cátia Santos, registrar esses relatos tem sido um desafio criativo no qual ela espera deixar aquele gostinho de nostalgia no espectador.
“Contar a história desse estilo, dentro de um Estado com uma presença musical predominantemente sertaneja será um desafio e tanto. Nesse sentido, a fotografia e a edição são muito importantes em um trabalho tão complexo como esse, pois elas ajudam a interligar as histórias que construíram o nosso heavy metal”.
“Barulho do Mato” promete desvendar os desafios e as conquistas dos roqueiros em um estado onde o conservadorismo é muito forte. Desde os obstáculos logísticos até as barreiras culturais, o vídeo mergulha nas profundezas da cena do heavy metal no coração do Mato Grosso do Sul, explorando um repertório rico de influências, que deixou impacto duradouro no meio artístico.